quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um ensaio sobre amar.

Talvez monstros povoem nossas vidas. E apartir de agora eles se unam contra nosso bem querer mútuo. E não existe confusão mais exata que essa. Temos de vence-los, ou nos unir a eles, tanto faz. Temos de estar juntas apartir de agora. Tudo secompleta num compasso estranho: telefonemas combinam perfeitamente com meu coração acelerado e na minha mente eu acho isso idiota. Meus pés não tocam o mesmo chão de antes e as paredes tem cores e nuances diferentes, e eu chego a pensar: não é amor, é só esquizofrenia. Mas derrepente nos vemos envoltas num silêncio, aquele silêncio em que nada mais serve pra ser dito, e que pra não ficar um vácuo estranho eu tento preencher: 'eu te amo.'.
E então seus cabelos, seu cheiro, sua boca, sua voz, teu mau humor, os apelidos que você não gosta, as piadas sem graça, as ironias fora de hora, os risos... Tudo em você me envolve e eu sei que não deveria me dar ao prazer de sonhar de novo. Mas a tentação é sedutora. Você é sedutora. Teu amor é sedutor. E eu quero, meu corpo e minha alma querem. E meus olhos. E que todos os monstros do mundo caiam sobre nossas cabeças agora. Eu lutaria com todos eles por um beijo seu. São tantos os motivos, além desses, que eu tenho pra te odiar, que esqueço de dize-lo com mais frequência. Eu te odeio.

Para meu amor real e consistente.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Ele e seus olhos azul do mar. Azul do amar. Me lembro de um abraço aconchegante, um sorriso bobo, alguns dentes tortos, algumas piadas infames, besteiras fora de hora, almoço de pobre, sentar nas escadas, correr na chuva, imaginar, ronco, entender, mais risos, desabafos amorosos, lágrimas, meu amor, meu bem, boca suja, comer grostoli com açucar deitado de cabeça pra cima, fotos estranhas, projetos de livros, óculos escuros, andar descalços, beber, dançar, cerveja nos seios, voltar para casa de madrugada, segredos, depravação, música boa, música alta, casa escura, dançando e tirando a roupa, sua cama, mais risos, todo mundo seduzindo, irônias, palavrões, brigadeiro, chocolate, pizza, coca-cola, dividir fones de ouvido, tomar café, frio, gatos se beijando, do mamilo meu, risos, canernos escritos, estudar, ler, roubar livros e revistas, camisas bonitas, total flex, disco da rita lee, natal nostálgico, fim dos tempos, edruxulos, pessoas tensas, cabo de vassoura, xixi pela janela, xixi na cama, outros meninos, outras meninas, alugar filmes, pipoca com caldo knorr, empanado de microondas, nissin na leiteira, prato não lavado, ciúmes, brigas por telefone, perversão, toca sexo ou diabo, cantar mal no ônibus, joga pedra na geni, tudo vira bosta, engenheiros do hawaii, será que quica?, associações inadequadas, citações a comunidades, ovelha colorida, comer banana, ler e-mails, como é bom ser criança, pão de queijo, cadelis, 'interpreta', acorda vadia, dançar na banana, fazer xixi sem barulho, escutar amores impossiveis, choque de realidade, fingir de mendigo, pate-papo pornografico na madrugada, cazuza, quanto mede?, o sol, almoço de família, roupa de brechó, azul avatar, pontes, sernanojo, bunda branca, comanda perdida, sono pesado, sono leve, mel do sol, telegrama, tô gorda?, sou horrível, atrasos, lalala, raivas somadas, gosto tanto de ti, te amo, não quero te deixar.

Para Mauricio.

sábado, 6 de março de 2010

Ele

Existe tudo ao meu redor, menos a minha existência. Porque eu sou pútrido. Levo em mim toda a humilhão que os mendigos acumulam na sua existência. Toda a dor das lágrimas sentidas. Levo os nãos. As flores que me rodeiam agora não têm perfume e a janela aberta não deixa a brisa entrar. Tropeço nas próprias exaclamações que grito. Me afogo no vômito etílico. Esse caminho que trilho, já foi seguido antes. Acaba num precípicio. E mesmo assim prossigo. Prosseguir é lei e a gravidade me empurra pra onde quer, pra onde eu não espero, não quero, não sinto. Durante toda a minha vida esperei pela felicidade. Uma batida mais forte do coração, um vinil raro na estante, uma boa poesia na parede... Mas nada nunca acontecia. Até que, uma vez... Aquela vez... Foi um único e êfemero momento de sorriso. Escrevi até uma poesia, que hoje já apodreceu. Mas tudo ruiu rápido demais pra que eu registrasse o que sentia. Então é como se eu nada tivesse sentido. E todos pensam assim. Tudo se tornou num pesadelo no dia seguinte. Naquela época, eu que planejava fazer planos, não tinha nada na cabeça que pudesse me salvar da situação. Eu não podia dizer uma palavrão com a voz mais grossa e resolver tudo. Tive que calar. Depois disso eu até tentei reconstruir, mas tudo ruíra de uma maneira que restou só pó. Desse pó não dava pra cheirar. A vida me envolveu em um manto negro e nele fiquei envolvido, cobrindo meu rosto na hora do perigo, deixando meu corpo também ficar negro. E o que era escuro era sadio. Eu bebia até meu fígado inchar, então vomitava toda aquela merda como se isso fosse aliviar meu peso. Mas o efeito logo passava, qualquer efeito logo passava. Então lembrava da dor. Daquela dor... Você, sabe o que é gritar? Pedir pra que pare até a exaustão? Sentir a dor e apesar dos seus apelos desesperados ela continuar rígida, implacavel. Nessas horas ela era tão implacavel que parecia exitante. Mas tudo era uma tortura que ia e vinha, ia e vinha, ia e vinha... Eu sabia que precisava de ajuda. Mas quem é que estenderia a mão pra mim? Nunca fui um velho amigo de ninguém. Todos gostavam de me humilhar, mostrar o quanto mais abaixo deles nas hierarquias sociais eu estava. Sempre acava notando que ajuda dos ignorantes eu não precisava. Por isso eu que tinha medo, vestia a roupa rasgada do orgulho. O ogulho é mais digno que o medo. Quantos covardes não escondem-se através do orgulho? Derrepente, tive uma noite estranha. E essa noite decidiu os caminhos que rumei. ATé hoje, até agora, até nunca mais. Eu andava pelas ruas e parei em um beco escuro e sujo, morada de ratos, mendigos e putas rebaixadas. Havia duas mulheres, não acho que tenham sido putas. Ela trocavavam juras de amor. Se beijavam ardentemente. Elas se amavam. Uma reconheci: Era Safo. Safo e suas poesias. A outra, demorou um pouco mais, mas soube quem era quase instantâneamente: a primeira namorada. As sardas continuavam lá, mas o corpo sem forma sumira. Haviam curvas novas. Ela tinha ficado mais gostosa que a mais gostosa da nossa turma na época. Mas afastei os pensamentos e tentei me concentrar: aquilo era impossivel. Me lembro de como sofri quando ela morreu, um dia depois do nosso amor. A sua mãe pedira: 'vá até a padaria' e ela foi. Nunca mais voltou. Foi torturada e morta por algum doido. Aquilo me parecia uma heresia, mas o que era eu se não uma mentira? Corri. Beijei suas mãos, me desculpei. 'Eu te amo, eu te amo'. Derrepente o olhar dela cruzou com o meu e a brasa estava lá. Todo fogo, todo ódio. Ela lembrava melhor do que eu. Tudo se tratava de um pão nunca comprado...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Grito

Certa vez de tanto reclamar,
Me questionaram:
-Você tem fome de quê?*
Caviar ou foie gras não era.
Coca-cola também não.
Aquela fome me deixava fraca
E inconsistentemente
Eu não a reconhecia.
Quero feijão, arroz, pratododia**!
Quero mais cinema, mais saúde, mais arte.
Quero muito mais rock!
Quero folclore, Ogum, Oxum
Saravá e Pai Nosso.
Quero a beleza de Afrodite
Bacanais de vinho
E voar como os pássaros.
Ter asas próprias
Quero reconhecimento
Por fazer arte boba:
Trepar em mil arvores frutiferas
Correr iluminada pelo Rei Sol
Quero que todas as dívidas,
Internas, externas, e de prestação
Estejam quitadas.
Quero ser pagã, pagu, exú.
Quero os olhos claro do mestiço
E quanto a poesia?
Ela que rime ou não.
Ela que me encante, cante, grite.
Quero carnaval de cores e brilhos.
Marchar a favor da alegria
Que eu pinte meu nariz, se preciso.
Não se assuste se eu gritar!
Palavras, palavrões.
Tudo é fruto de euforia
Quero em mim a cabeleira do Zezé ***
Aposto que ele é sim.
E porra, sou altruista sim.
Mesmo que primeiro queira saciar
A minha fome.




Eu estava feliz e com fome no dia que escrevi isso.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Aos meus.

As pessoas são estranhas. Falo por mim, não por elas. O que eu quis dizer, e ando querendo dizer em tudo o que faço e admito fazer, é que eu sou estranha. Talvez esteja nítido, nas minhas falas, nos meus vícios, nas roupas que eu visto e com quem eu me relaciono. Minha mãe disse outro dia, que não sou o que ela esperava. Alguns dos meus amigos acham o mesmo, eu acho. Na verdade, depois que resolvi expulsar os monstros que me habitavam e decidi gritar ao mundo quem sou com os prós e os contras que obviamente enfrentaria, as pessoas tiveram certeza. Algumas de que não presto. E quer saber? Eu não presto mesmo. Outras de que sou inconsequente. E a menor porção das pessoas que eu considerava a ponto de dedica-las minhas confidências, achou corajoso. Até eu estou achando, ao colocar um texto em meu blog, que fale de mim diretamente e que não me esconda em inúmeros heterônimos. Mas no fim dá tudo na mesma coisa, porque quem tem opnião formada sobre mim não vai muda-la e eu sou orgulhosa demais para fazer qualquer esforço pra passar outra imagem. E isso, custe quantos empregos custarem, custem quantas amizades necessárias, ou amores perdidos, não mudará, mesmo que eu destile todo meu repertório de ironias. Porque ,para mim, isso significa a liberdade. E aquela pequena porção de gente boa e alegre das linhas acima, terá o melhor de mim. Minha paixão, meu fervor, minhas desculpas, meu suor e meu amor. Isso bastará.


Para o Malchik gey, a Mini-Tirana, a Loira gostosa e inteligente, e a lutadora de box quase sem dentes graças a mim.

Obrigada, muito obrigada.

Uma poesia pra selar a paz e a amizade (momentânea UHUAHAUHAUHAUH) :

meus amigos
quando me dão a mão
sempre deixam
outra coisa

presença
olhar
lembrança calor

meus amigos
quando me dão
deixam na minha
a sua mão

(Paulo Leminski)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Desabafo

Eu era uma boa menina. Havia nascido pura. Totalmente despida de qualquer conceito, de qualquer crueldade. Meus cabelos eram finos e lisos, com aquele tom fresco de castanho e de odor doce, delicado. Mas não durou muito. Não durou porra nenhuma! Eu só ouvia:
'-Você é uma menina má.'
'-Você não terá o seu jantar hoje, Laura.'
'-Agindo assim, perderá a mim... Seu único amigo.'
Por quais frestas ruiu minha pureza? Meu corpo deixou de abrigar aquela doce inocência. Nem deus podia ouvir os gritos abafados daqueles frageis pulmões em formação. Nem ele.
'-Ora, que menina mais bonitinha.'
E por trás eu roubava. Era uma ladra de conceitos. Eu sugava a sua cultura, como a puta a procurar o sêmen quente. Não que ela goste daquilo. Ela precisa daquilo e isso é tudo. Eu levava comigo toda aquela bosta de conhecimnento que você dizia ter. Sempre no escuro. O meu sorriso era uma arma exelente para aquele jogo. Não existia perigo enquanto eu mostrasse os dentes amarelados do cigarro. E então eu fazia você crer.
'-Sou a única pessoa que ainda escuta seus gritos.'
Silêncio.
Silêncio...
Na escuridão eu me afundava, mas eu ia chegar lá em baixo, bem no fundo. Onde não há mais luz, ou possibilidade de reabilitação... E quando chegava ao ponto de não poder mais me mover...Aí sim. Eu era algo. Eu precisava sofrer. Eu era como uma pequena e insignificante mancha. Era uma imperfeição de uma paisagem morta, inútil.
Sente vontade de esfregas manchas? Você quer limpar? Quer?
Limpe a minha honrra, seu filho da mãe!
Mas não esqueça:
Eu sei o lixo que você carrega na alma. É pútrido. É orgânico! E posso te dizimar. De alguma forma, algum dia vou arrancar, nem que com as próprias unhas, essa maldita máscara que você usa. E então... Seremos os dois.
Homem e garotinha.
Meus seios cresceram hoje. Você acha digno toca-los? Eu acho graça. Você é um maldito perdedor. É um fraco.
O desespero nem sempre precisa ser histérico.
A excalibur está posta. Ela brilha convidativa.
'Mas você não é homem.'
'Você não tem força'
E nem cabelos louros. E nem olhos claros. E minha pele é quase preta.
'Você não tem nada!'
E não ter nada, do modo que entendo nesse momento, é uma dádiva. Talvez a ultima que eu tenha conhecido.

domingo, 3 de maio de 2009

Outra realidade.

'Que P O R R A é essa?'

Ela estava linda. Os cabelos soltos em ondas castanhas. Eu adorava o cheiro do shampoo que ela usava e o vento naquele dia trazia a fragância até mim com falicidade. Vestia calças pretas, com uma de suas camisetas estranhas. Insistia um usa-las quando seu corpo merecia blusinhas de alça e degotes. E seus pés descalços com unhas vermelhas mal pintadas correram em minha direção em um gesto nervoso, contrariando a entonação e as palavras ríspidas que usara.
Eu, nunca fui muito bom com memória. Mas, desse dia tudo é tão lúcido... Como deveriam ser todos os outros antes dele. O que significa perder algo de verdade e de maneira irreversivel? Aquele dia nublava e ventava. Como ela gostava, dias de filme de terror. Eram dias que a inspiravam.

'Relaxa, meu bem. Fiz uma poesia pra ti.'

Eu adorava parecer cafageste, o estilo preferido dela. Mas não continha meu romantismo. Eu não podia demonstrar de outra forma. Na verdade, eu nunca dizia que a amava, nem mesmo quando me consicentizei disso.

'Poesia? Você sabe que eu não gosto. Poderia ter me trazido um doce qualquer. Cadê o dinheiro?'

Ela era direta. Quando decidimos entrar naquela história era por motivos pessoais. Mas aderimos ao altruísmo logo que descobrimos tudo o que envolvia aquela vida. Que do ponto de vista que alcançamos, era vida de todos. Mesmo que indiretamente. Mesmo que a pessoa não saiba. É dificil dizer agora sobre tudo o que passamos. Mas naquele dia descobri o sentido de tudo o que eu fazia.

'Leia a droga da poesia, Leandra. Trouxe o dinheiro, mas, todos sabemos que ela virá atras. Fica tudo em nossas mãos agora. TUDO.'

Eu não fazia idéia do quanto Leandra sabia. Isso importava muito naquela hora, dependendo do que ela sabia, eu podia estar com ela ou mudando radicalmente o plano de visão, eu podia representar sua morte.
Ela sentou na ponta da piscina puxou as calças até as canelas e enfiou os pés n'agua. Pegou o papel de minha mão assim que sentei ao seu lado e leu. Fitou algo no seu horizonte antes de responder.

'Ela não sabe que estou contigo... Você terá que transar com ela, Fernando?'

Então essa era sua preocupação perto do mundo que tinhamos de segurar nas costas? Como eu podia responde-la? Leandra eu sou casado com ela, mas é tudo profissional. Ou pior ainda: Meu amor, vou ter um filho com ela, por isso não podemos mata-la agora. Porque diabos eu estava metido nisso mesmo? É mesmo... Porque jamais conheceria minha Leandra... Suas roupas diferentes, seu sorriso de menina... Seus 19 anos que a primeira vista não carregavam tantas experiencias. Eu era um merda, jamais contaria. Não até que tudo tivesse acabado. Era uma luta de dois mundos. E um casamento entre ambos era tão irrelevante. Mas eu sabia. Jamais para Leandra isso seria irrelevante.

'Ainda não sei, meu bem. Mas com você? Eu vou? Ei, pare de pegar assim no meu pau! Você leu a poesia?'